Arquivo | Valter Campanato - Agência Brasil |
O Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) reconheceu, na última quinta (11), por unanimidade,
o repente como patrimônio cultural do Brasil. Referência para a identidade do
Nordeste, o repente é conhecido também como cantoria e tem como fundamentos
verso, rima e oração. Os repentistas ou cantadores se espalham pelas capitais e
interior do Nordeste e também nas regiões para onde ocorreram migrações de
nordestinos. A votação foi feita pelos 22 membros do Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural, órgão vinculado ao Iphan.
Em entrevista à Agência Brasil, o
diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Tassos Lycurgo,
declarou ter ficado "triste" porque não conseguiu comemorar rimando.
Na avaliação dele, o reconhecimento pelo Iphan vai beneficiar todo o Nordeste,
bem como estados do Brasil, como o Rio de Janeiro. “O Nordeste está em todo o
Brasil. Existe influência nordestina em todos os lugares. É um bem cultural do
qual já se tem notícia no século 19. Isso é muito caracterizador da cultura
nordestina. É um negócio muito bonito mesmo”.
O dossiê de registro elaborado
documenta mais de 50 modalidades de repente, nas quais estão incluídos os
versos heptassílabos, cuja acentuação tônica obrigatória está na sétima sílaba;
e versos decassílabos, em que o acento obrigatório está na terceira, sexta e
décima sílabas de cada verso. Com o reconhecimento pelo conselho consultivo, o
repente foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, onde também
estão catalogados bens como a roda de capoeira, o maracatu nação (PE), o
carimbó (PA) e a literatura de cordel.
A partir de então, o repente passa a
ser alvo de políticas públicas para a salvaguarda da manifestação, que devem
incidir ainda sobre um universo de bens associados que inclui a embolada, o
aboio, a glosa e a poesia de bancada e declamação. O pedido de registro do
repente como patrimônio cultural foi formalizado em 2013 durante a gestão do
repentista Chico de Assis à frente da Associação dos Cantadores Repentistas e
Escritores Populares do DF e Entorno (Acrepo). “A gente vem nessa luta há muito
tempo”, relembrou Assis que recebeu a notícia com satisfação. (Matéria da Agência Brasil - EBC)