Foto: Roberto Stuckert Filho |
No dia em que se completa um ano da
execução de Marielle Franco e Anderson Gomes e o Brasil se vê em luto por outra
tragédia nacional, a de Suzano (SP), o líder do PT no Senado, Humberto Costa
(PE), afirmou que o ódio disseminado por Bolsonaro alimenta uma onda de
intolerância e violência inédita no país. Segundo o parlamentar, a escalada de
matanças é produto de uma sociedade doente, em que o diálogo, o embate de
ideias e os fatos estão cedendo espaço a mentiras e perseguições. Ele acredita
que todo esse ambiente pernicioso no Brasil vem sendo intensificado nos últimos
meses, com a entusiasmada militância do presidente da República.
“Não tem como nós não enxergamos nos
dois jovens responsáveis pela barbárie em Suzano, um deles, pelo menos,
defensor e apoiador de Bolsonaro nas redes sociais, as digitais do discurso de
ódio propagado permanentemente pelo capitão reformado não só no período de
campanha, mas também no exercício do cargo para o qual foi eleito. O presidente
e os que agem como ele influenciam autores de tragédias como essa”, avalia. Humberto
ressaltou que não é segredo para ninguém que toda a vida de Bolsonaro foi
pautada pelo discurso da truculência, ataque ao outro, desqualificação alheia e
defesa da tortura. E que tudo isso foi potencializado na campanha, em que o
ódio aos adversários, em especial ao PT, "foi disseminado
criminosamente".
“Ele criou um personagem associado a
um justiceiro. Vendeu aos brasileiros a imagem de que iria resolver os
problemas da violência no país na base da bala, na prisão indiscriminada de
desafetos, na lei do olho por olho, dente por dente, na supressão do direito de
minorias, na eliminação de desafetos. E assegurou que todos iriam poder
resolver suas desavenças do mesmo jeito”, observou. O senador lembrou que foi
Bolsonaro que disse, como candidato, que iria exilar ou mandar prender seus
opositores e insuflou seus eleitores a “fuzilar a petralhada”, usando objetos
nos comícios para simular fuzis e consagrando o gesto de se fazer uma arma com
a mão, inclusive em crianças.
Para o líder do PT, as milícias são
um exemplo bem-acabado do poder paralelo que existe no Brasil e que estão
absolutamente fora de controle em lugares como o Rio de Janeiro, onde seus
membros recebem honrarias e homenagens do Poder Público. Humberto crê que é
absolutamente inaceitável, vivendo num cenário de guerra como o registrado no
Brasil, abrir as portas para que o país receba uma enxurrada de armamentos que
acabem ficando à mão das nossas crianças e jovens, como os que ontem praticaram
os homicídios em Suzano.
“O Estado sobe o morro para revistar
favelas. Esculacha com pobres e negros. Vai a escolas revistar bolsas de
crianças à procura de arma. Mas é incapaz de descobrir que um vizinho do
presidente é matador de aluguel e tem 117 fuzis sob sua posse. Como pode o
Estado fazer face ao crime e à violência?”, declarou. O senador finalizou dizendo que não é um
decreto de Bolsanaro que amplia a posse de armas e um pacote anticrime
fantasioso que irão resolver os problemas do país. De acordo com o parlamentar,
são ações substantivas e consistentes que irão oferecer soluções mais
duradouras e efetivas no combate a essa chaga social que ceifa tantas vidas e
faz sangrar tantas famílias todos os dias no Brasil.