Aprovados em Concurso Público de João Alfredo podem ir parar no "olho" da rua


Os aprovados num concurso público, realizado há três anos pela prefeitura de João Alfredo, no Agreste do Estado, correm o risco de perder o emprego. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou a suspensão da estabilidade dos servidores aprovados por indícios de fraude no concurso. A cidade de 26,9 mil habitantes fica a 106 quilômetros do Recife, e tem no funcionalismo público uma das principais fontes de renda. Por isso, o assunto repercute tanto em João Alfredo.


Servidores da prefeitura que participaram de concurso começaram a receber uma notificação segunda-feira passada, alertando para o risco de perder o emprego. “As pessoas que receberam a notificação têm dez dias para apresentar defesa na prefeitura”, afirmou a ex-secretária de Finanças do município e atual secretária de Assistência Social, Olga Milet. A notícia que chega tão perto das festas de fim de ano deixou todos sem saber como se planejar para 2011. “Todo mundo que fez o concurso está sendo prejudicado. A Prefeitura não tem que julgar a gente. Não temos condições de arcar com as despesas”, diz o agente de Endemias Severino Barbosa.


O concurso foi realizado em fevereiro de 2007 para preencher vagas de 42 cargos nas áreas de saúde, educação e limpeza pública. Foram aprovadas 235 pessoas, destas, 146 foram nomeadas. Em maio de 2008, a Justiça determinou que os demais aprovados não fossem nomeados. Agora o TCE orientou a prefeitura a não conceder a estabilidade de emprego público aos que já estão trabalhando.


O coordenador de Controle Externo do TCE, Cláudio Ferreira, explicou também que todas as recomendações são baseadas numa investigação detalhada. “Vamos apurar. Se houve participação do servidor na fraude, ele perderia a idoneidade e, por consequência, perderia o cargo público”, diz. A Prefeitura de João Alfredo também está com outro problema: tem mais funcionários do que permite a lei de responsabilidade fiscal e por isso quer aproveita a situação para demitir servidores. “Nós não temos interesse em demitir quem está correto, e sim, quem realmente fraudou”, diz Olga.


O Ministério Público informou que ingressou com a ação na justiça, em março de 2008, contestando a lisura do concurso. De acordo com o ministério público, houve beneficiamento de uma das empresas concorrentes no processo de licitação que escolheu a empresa realizadora das provas. Além disso, os promotores alegam divergência nas informações sobre a quantidade de inscritos e notas de candidatos aumentadas depois da divulgação do resultado do concurso, mesmo sem ter alteração no gabarito dos testes.


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