“Um País se faz com homens e livros”. A frase do escritor Monteiro Lobato remete a sociedade para a necessidade da leitura. Em outro plano educacional, o Governo Federal investe numa mídia que diz: “Brasil, um País de leitores”. Mas, será que em Limoeiro, na “terra amada, pedaço do meu Brasil”, como diz o próprio hino, o pensamento de Lobato está sendo colocado em prática? Se o olhar se voltar para a Biblioteca Pública Municipal Doutor Cícero Barreto Coutinho Silveira, a resposta será negativa.
Funcionando com uma pequena parte de sua capacidade, o ponto de encontro dos estudantes limoeirenses vem enfrentando dificuldades desde o mês de janeiro do ano em curso, quando o espaço se preparou para uma reforma, que até o momento não aconteceu. E nesse “livro”, a página de melhores condições de estudo para os alunos teima em não chegar.
Funcionando com uma pequena parte de sua capacidade, o ponto de encontro dos estudantes limoeirenses vem enfrentando dificuldades desde o mês de janeiro do ano em curso, quando o espaço se preparou para uma reforma, que até o momento não aconteceu. E nesse “livro”, a página de melhores condições de estudo para os alunos teima em não chegar.
A reportagem do JVN visitou a biblioteca e encontrou os livros didáticos e pedagógicos, que inclusive são os mais utilizados, todos encaixotados. Um cartaz no portão de entrada (foto abaixo) comunica aos visitantes que apenas os livros de ficção e poemas podem ser emprestados, haja vista, que apenas esses segmentos ainda ocupam as poucas prateleiras que estão armadas. De acordo com funcionários do estabelecimento, nos trabalhos de pesquisa, o aluno tem que utilizar o seu próprio material e, para aqueles que não dispõem dessa fonte de estudo, o que resta é procurar no dicionário o significado da palavra paciência.
A estrutura física do prédio onde funciona a biblioteca tem apresentado muitas goteiras, o que tem atrapalhado o andamento das leituras e das pesquisas. Ainda de acordo com os servidores da casa, um serviço de retelhamento foi feito, mas que não solucionou o problema. Anteriormente, o espaço recebia, em média, mil estudantes das três redes de ensino por mês. Mas com a limitação de livros e a pouca estrutura, esse número reduziu drasticamente. Na biblioteca eram desenvolvidos projetos que estimulam a leitura, a exemplo da Hora do Conto. Porém, por conta da atual situação, a atividade pedagógica também está encaixotada.
Em 2006, foi criado o prêmio Estudante Leitor Infantil, que teve como objetivo premiar os alunos mais assíduos da biblioteca, tanto nas leituras e nas pesquisas, como nos empréstimos e devoluções dos livros. Entretanto, uma vírgula foi colocado no projeto pedagógico. E diante dessa situação, os estudantes estão passando cada vez mais longe da biblioteca pública da cidade.
A reportagem do JVN conversou com o secretário de Cultura e Juventude de Limoeiro, Radamés Moura, que reconheceu a difícil situação da biblioteca e atribuiu ao espaço físico da casa um dos principais motivos da deficiência. “O espaço não comporta a biblioteca para a prestação de um serviço de qualidade”, disse. Para ele, a esperança de dias melhores está depositada na elaboração de um projeto cultural. “Apresentamos ao Ministério da Cultura a necessidade de termos a nossa biblioteca num espaço público realmente de qualidade, assim como era antes. Estamos efetuando o levantamento da documentação do antigo prédio da biblioteca (onde hoje funciona a biblioteca da Facal), para que possamos fazer uma ampliação e atender não só o público do município, como também da faculdade", explicou. Segundo o secretário, técnicos do Ministério já estiveram em Limoeiro em visita ao prédio indicado no projeto para uma avaliação estrutural.
Ao reporta-se ao atual local de funcionamento da biblioteca pública, Radamés revelou que o prefeito de Limoeiro, Ricardo Teobaldo, já autorizou a abertura de um processo de licitação, para que as intervenções necessárias sejam realizadas. “Sabemos que enquanto o espaço da biblioteca não for ampliado temos que melhorar o atual local”, sublinhou Moura, que mesmo em meio aos problemas, lembrou da chegada de novos livros doados pelo Ministério da Cultura e pela Biblioteca Pública do Estado, o que reforçou o acervo bibliotecário.
Indagado sobre a limitação de livros disponíveis nas prateleiras, o secretário disse ter sido proveniente de uma ação programada. “Para nossa surpresa, o número de livros existentes na biblioteca é bem maior do que o que estava sendo informado anteriormente. E esse empacotamento foi uma orientação nossa, para que fosse possível realizar o inventário e, consequentemente, sabermos exatamente o que existe disponível e a quantidade”, explicou. Radamés adiantou que logo após a reparação da infra estrutura da biblioteca os livros voltarão às prateleiras, mas até o momento sem data definida.
Texto: Alfredo Neto / Foto: Erivaldo Carvalho
Matéria publicada na Edição 75 do Jornal Viver Notícias